Algumas pessoas não compreendem por que falamos em atraso na linguagem e não em “atraso na fala”. No senso comum, as pessoas percebem quando uma criança tem bastante dificuldade em falar, quando não dá para entender a criança. Na maioria das vezes relatam que a criança fala “embolado” ou troca as letras.
Na verdade, a fala é apenas a capacidade de articular os sons da nossa língua. É uma função meramente motora. A comunicação é a capacidade que o indivíduo possui em compreender o que lhe é dito e de expressar suas ideias, pensamentos, opiniões. E a linguagem tem papel fundamental na comunicação humana, pois é através dela que nos comunicamos, seja através da linguagem oral (falando) ou da linguagem escrita.
Grosso modo, podemos dizer que ao avaliar a fala estamos nos atendo à capacidade em realizar os movimentos de cada som (fonemas) da nossa língua de forma adequada.
Quando nos referimos à linguagem, estamos avaliando toda a capacidade de comunicação do indivíduo. Dessa forma, devemos avaliar se o indivíduo compreende o que lhe é dito, se consegue distinguir entre um fonema e outro para poder falar corretamente, se tem um bom vocabulário (sabe nomear as coisas do cotidiano ou se fala palavras genéricas no lugar, como “isso”, “aquele”, etc.), se fala frases completas com as palavras “na ordem” como o esperado para a nossa língua, se diz frases dentro do contexto ou tem uma fala sem qualquer coerência, se consegue interagir com outras pessoas de forma adequada.
Enfim, como podemos ver, a linguagem é um mecanismo bem complexo e depende da integridade neurobiológica do indivíduo, bem como de um aparato social para que haja um desenvolvimento dentro do esperado. Portanto, os distúrbios da comunicação causam impacto direto sobre a vida social da criança, a aprendizagem e habilidades de vida diária como um todo.
O bebê ainda apresenta comportamentos reflexos, sem intenção;
Mantém atenção ao ambiente ao redor;
Vocalizações – não percebemos os sons da nossa língua.
Reações a sons e vozes familiares.
Atividades motoras – agarra objetos colocados a sua frente, “descobre” suas mãozinhas e pezinhos, apresentando experiências psicomotoras que interpretamos como se o bebê começasse a brincar.
Nesta fase o bebê não tem a intenção em se comunicar, mas os adultos dão significados ao comportamento do bebê. Muitas vezes, falamos com o bebê como se este esperasse uma resposta, damos significados às vocalizações e tentamos sempre atribuir sensações de satisfação ou desconforto do bebê.
Esta interação com o bebê é primordial para que estes comportamentos que antes não tinha intenção passe a ter função comunicativa mais tarde. O bebê passa a perceber que seu comportamento tem influência sobre o outro.
Balbucio – início aos meses – o bebê começa a produzir sons da nossa língua, como pppp, kkkk.
Dá gargalhadas quando brincamos com ele;
Se interessa na interação com o ambiente e com as pessoas;
A partir de 8 meses observamos a intenção da criança em se comunicar. Ela quer interagir com o outro e espera que este o responda. Geralmente, solicita algo ao adulto com gestos e vocaliza concomitantemente. Aguarda o adulto responder suas solicitações e por vezes repete seus comportamentos e vocalizações até que consiga o que quer.
Apresenta uma entonação de “fala” como a do adulto.
Vocaliza na intenção de falar e dá as pausas adequadas para que o outro responda, como acontece num diálogo normal, mesmo que sua “fala” não seja compreensível.
Quanto mais o adulto se esforça em corresponder à interação do menor e tentar adivinhar o que está solicitando, mais rápido é o desenvolvimento da linguagem da criança. Quanto mais interagimos com o menor, mais amostra do “modelo correto” de fala a criança está exposta, contribuindo para aquisição da linguagem o mais rápido possível.
12 meses - 1 ano
Fala as primeiras palavras;
Imita as pessoas;
Atende ao ser chamado pelo nome;
Entende ordens simples como dar tchau, mandar beijo e bater palmas.
18 meses - 1 ano e meio
Se comunica com frases curtas com aproximadamente 2 palavras.
Forma frases com mais elementos;
Compreende frases;
Pergunta nomes e funções como "o que é isso?".
Fala muitas frases;
Começa a recontar histórias ou fatos - início de narrativas.
Há ainda erros gramaticais na fala.
Capacidade de narrativa;
Inventa histórias;
Entende regras e jogos simples.
Já compreendemos bem o que a criança fala.
Fala corretamente frases completas e todos os sons da língua.